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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A ilusão da captura


Hoje, depois de um dia esquisito, incapaz de me concentrar por muito tempo em uma só tarefa, eu redescobri um devaneio que me acompanha desde sempre, mas que silencio há anos. O desejo de conhecer o outro. De enxergar e ver o outro. É um devaneio que talvez beire a insanidade, não sei. Por outro lado, acho que seria audacioso supor que apenas eu dentre muitos seja constantemente acometida por esse anseio. Talvez faça parte da natureza humana, mas, por uma série de razões, seja sufocado pela maioria. 

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Como descrever alguém sem cair em floreios desnecessários? Ou em floreios de menos? Como estampar em palavras um outro ser? Esse sempre foi um questionamento corriqueiro que vagava pelos recantos da mente à época em que eu escrevia vorazmente. As idiossincrasias, os maneirismos, o sorriso, os sonhos e desejos de uma criatura refletidos no papel ou na lauda do Word, num rodapé com o mínimo de caracteres possível, no recanto de um cérebro embebido em amor platônico. Pois bem, a angústia e a dúvida retornaram.

Eu costumava escrever profundas descrições repletas de idealização, um sonho irrestrito de adjetivos e impressões. Para mim eram retratos fidedignos, jamais se elevavam além ou aquém do que as criaturas descritas, em essência, eram. Mas o que conhece das gentes uma criança com tão ambiciosas aspirações? Ou melhor: o que conhece de qualquer pessoa quem quer que seja? Quem é você sem todas essas camadas, livre das infinitas personas que assume? Onde está você em meio a esse caos de movimentos e expressão? I wish to see you.

No entanto, não se trata apenas de reduzir o outro a um conjunto de palavras, mas de (re)conhecer. Navegamos por essa vida sem nunca conhecermos uns aos outros por completo, mas, constantemente, alegando - se não a terceiros, a si mesmos - saber exatamente quem são eles. Não sabemos nem mesmo de nós. Quaisquer requisições de descrições sobre mim mesma me apavoram. Quando mandatórias, então, anulo-me completamente para caber e cumprir a convenção – quase sempre vazia – de dizer de mim.

Apesar disso, mais e mais me comovo e surpreendo com as tentativas de imprimir fora do corpo o que reside intimamente nele – e ao redor, se for energia, vibração, alma. Impressionam-me os detalhes descritivos que parecem ter desnudado aquele alguém completamente de sua essência, sem deixar um só grão de individualidade desconhecido em seu corpo. Porque, no fundo, já é sabido: a descrição não se trata daquele alguém, mas de como foi sonhado por outra pessoa, por quem o descreve. Então como descrever as criaturas fielmente? Paira, sombria e fria, acima do vórtice de dúvidas e anseios de captura, a constatação de que não se pode extrair nada além da interpretação. Porque não se pode invadir o interior do outro, explorar cada fissura do ser, assumir para si aquela existência alheia. É a constatação da morte. Certa e indelegável.

Por fim, é isso? Jamais superaremos a descrição enquanto uma ideia que fazemos dos seres que não nós mesmos? Quem reside ali dentro não se mostra por inteiro no exterior, também não sussurra em meu ouvido suas verdades mais profundas, desejos e devaneios, as tristezas e alegrias, julgamentos, medos e culpas. Portanto o que extraio dos seres não passa de interpretação, da ideia que faço deles. Ainda que - de momento - resiliente, eu não fujo à busca constante de quem é o outro. Uns me fascinam especialmente, é verdade. Mas não é difícil me flagrar observadora, contemplativa dos gestos, do riso, da fala, do olhar alheios, caçando aquele instante de ilusão da captura. I wish to see you as you are.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Sabe a série que você deveria estar vendo?



E aí, pessoas? Tudo certo? Faz aproximadamente 200 anos que eu não atualizo o blog, o que é uma vergonha, mas a vida não estava exatamente fácil e a verdade é que eu não estive inspirada ou motivada a escrever durante muito tempo. Mas essas questões a gente deixa pra análise ou talvez, algum dia, eu conte por aqui. Vamos ao que interessa.

Se o título dessa postagem deixou você curioso(a), devo dizer que a história da série que eu tenho pra indicar vai deixar ainda mais. Gente, é perfeição demais. Mas, sem mais delongas, o tesouro de entretenimento – será que eu sou muito entusiasta? - que eu comecei a assistir esse ano é: OUTLANDER.

A série é baseada na saga literária A Viajante do Tempo, da escritora norte-americana Diana Gabaldon. A história acompanha a vida da inglesa Claire Randall (interpretada pela maravilhosa Caitriona Balfe), uma mulher independente e à frente de seu tempo, que atuou como enfermeira do exército inglês durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, ela retorna para o marido historiador, Frank Randall, de quem esteve distante durante os anos de combate.

Para se reaproximar, o casal viaja em lua de mel à Escócia, mais precisamente, à pequena cidade de Inverness, onde eventos inesperados começam a se suceder. Como o título da saga de livros revela: Claire, inadvertidamente, acaba viajando no tempo para uma Escócia dividida pelo domínio inglês e a resistência jacobita, no ano de 1743.

Se você, como eu, curte história, inglês, a Escócia, personagens femininas fortes e independentes, dramas intensos e romance, vai assistir a primeira temporada em tempo recorde.


Toma aqui o trailer da primeira temporada e uma fotinho da lindona da Claire:



Olha essa rainha poderosa com a serenidade no olhar de quem sabe que é dona da coisa toda.

Não digo mais nada! Vão correndo assistir a essa maravilha.

ALERTA DE AMIGA: Se tem uma coisa que eu não sugiro é você seguir as redes sociais da série ainda se for começar a assistir agora. Sem querer ser preconceituosa nem nada com fãs de GoT, até tenho amigos que são, mas alguns fãs de Outlander são como os de GoT no quesito SPOILERS. Então fique longe da seção de comentários. Ou melhor, não visite as páginas oficiais da série ainda, porque, se você for louco como eu, qualquer imagem postada que eu ainda não tenha visto já acaba com meu dia. É SPOILER.