About Me

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Reciprocidade


"Quero parar de me doar e começar a receber." Viu só? Caio me compreenderia. Alguém me socorra! Já faz um tempo que eu bato na mesma tecla, já tá ficando realmente chato. Isso de fazer tudo pelos outros e receber o frio e desprezível nada. Eu, que me frustro com uma facilidade absurda, já não suporto mais a falta de um retorno, por menor que seja, daqueles com quem me preocupo e por quem faria qualquer coisa. Por mais que eu pise firme e decida que não vou mais fazer nada por ninguém, meu senso de carinho e proteção é muito mais forte. 


Por isso, não há nada que eu possa fazer além de repetir a dose de nada em troca.

Isso de se doar a alguém sem receber só fica bonito na frase. Na vida real, de pessoas com sentimentos e necessidades, não faz o menor sentido. É preciso que haja reciprocidade, porque, sem ela, não há casamento que se mantenha, namoro que prossiga ou amizade que suporte, mesmo sendo essa última - se verdadeira - a mais resistente das relações. 


Porque o que eu sinto quando não percebo por mim o mesmo carinho, a mesma proteção, o mesmo interesse, que dispenso a quem gosto, começo a pensar que não tenho a mesma importância que eles têm para mim. É como estar absolutamente sozinho num trem para o seu destino preferido. De que vale aproveitar sozinho? Reciprocidade é partilhar, é se sentir parte de um todo emocionante e acolhedor. 


Às vezes não sou eu que decido sentar sozinha nesse trem, são os outros que se recusam a me acompanhar.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Minha mãe


Não. Minha possessividade não se restringe ao meu pai ou a um ou outro amigo. Minha mãe é - e admito sem pestanejar - a pessoa de quem mais tenho ciúmes. Mas ciúme não é o tema central desse texto, portanto, voltemos ao foco óbvio previamente determinado: Minha mãe.

É Maio e eu tenho mãe, daí fica aquela obrigação implícita de fazer algo a respeito. Mas, pra mim, longe de ser obrigação, escrever algo pra homenagear minha mãe é até uma boa oportunidade de deixar claro o que não consigo exprimir em palavras faladas. Como para meu pai, isso de dizer tudo o que sente e frequentemente não é lá muito confortável pra mim. Então, que seja como tiver de ser. Eu a amo e ela sabe bem disso, porque não falo, mas meus beijos, abraços e brincadeiras, meus princípios e minha disciplina (ainda que meio maleável) dizem tudo.

Não fiz o texto no dia 13 porque, como é sabido, não costumo me identificar com o hábito geral. O que todos fazem - ao mesmo tempo e da mesma maneira - não me atrai. Ao contrário, me repele. Por isso, deixei para fazer essa homenagem quando todo mundo já deu os presentes, já bombardeou as redes sociais com fotos e mensagens de carinho para suas mães. Quando todo mundo já fez seu papel como máquinas de consumo alimentadas pelo feriado comercial e encerrou o marketing periódico do seu amor. Não preciso de um feriado pra lembrar o quanto minha mãe é importante ou o quanto ela já fez e ainda fará por mim.

É preciso, de fato, uma boa dose de paciência pra me esperar superar a preguiça de falar pela primeira vez, pra aturar minhas birras de frustração no shopping ou no supermercado e, nos próximos anos da vida, apoiar as decisões, lamentar enganos, brigar e aconselhar. Uma boa dose de paciência e outra infinita de amor. Amor infinito só pode ser o materno. E o meu por ela. 

Então, minha mãe, espero que eu possa ser pelo resto da vida uma extensão das suas melhores qualidades e - por que não? - de alguns defeitos também. Porque é com eles que a gente aprende mais. Com você, aprendi a buscar ser o melhor que eu puder ser, a não passar por cima de ninguém, a respeitar em troca do mesmo respeito e a não fazer distinção nenhuma entre as pessoas. 

Obrigada por não desistir de mim e por me fazer sentir tão segura. O meu presente pra ti é o mesmo que de ti recebi há muito tempo: a certeza de que, na tua queda ou no teu voo, eu vou estar sempre ao lado. 


P.S: Sei o quanto você está reclamando da foto, que o cabelo ficou assim ou assado, mas... é minha pequena e sórdida vingança! HAHAHAHA! Vou mostrar pra todo mundo essa foto! Ah, vai, nem tá ruim. Beijo, minha mãe! Mereço surpresas da cacau show por essa homenagem, hein...

terça-feira, 1 de maio de 2012

#16 Pedro Juan Gutierrez

"A arte só serve de alguma coisa se é irreverente, atormentada, cheia de pesadelos e desespero, só uma arte irritada, indecente, violenta, grosseira, pode nos mostrar a outra face do mundo, a que nunca vemos ou nunca queremos ver, para evitar incômodos a nossa consciência."
- Gutierrez